Gilberto Vaz de Melo

 

 

Meus olhos vagueiam lentamente
Em uma procura insana
De uma voz sinistra,
Que insiste tanto em fazer-me espanto,
Quando ponho-me à noite a repousar.


A madrugada, que também não dorme,
Censura minha alma
O que me põe a caminhar.
Abro portas e janelas,
Em passos de flanela,
Tenho o cuidado com as almas adormecidas
Que não devo acordar.


O sussurro de voz acompanha-me,
E a cada passo mais assanha-se,
Apoderando-se de vez minha calma.
E como um louco, numa esquizofrenia plena,
Tua voz em imagem se apresenta...
Toma-me pelas mãos
E pela rua afora
Nos perdemos nesta clara escuridão.

 

 

 

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