Gilberto Vaz de Melo

 

 

Sobrevivi às tempestades...

Ao céu escuro de todas as bocas

Que um dia à minha mesa apresentaram-se

E saborearam de minhas inocentes palavras.

 

 

Sobrevivi aos tornados,

Aos furacões impiedosos

Que cruzaram minha estrada,

Empoeiraram minha visão e
Cegaram-me temporariamente

Para que eu não presenciasse

O tenebroso sorriso da falsidade.

 

 

Sobrevivi ao naufrágio

Em meu mar de lágrimas

Que por tantas noites

Inundaram meu travesseiro,

Meu amigo derradeiro,

Que me abraçava por inteiro

Tentando escutar-me.

 

 

Sobrevivi: e a ninguém cobro nada...

Fui filho da tempestade

E hoje o sol é minha cara-metade

Que iluminou meus passos

Na escuridão das sombras

Que me acompanhavam.
 



 

 

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