Maria Granzoto da Silva

 

 

Sou aquela que na vida
Busca uma estrada florida,
Suavizando os espinhos
Dos solitários viajores, dos
Sem-teto ou sem-ninho
Suavizando as dores
Dos ousados construtores
Do amanhã arco-íris!

Sou fada, sou feiticeira,
Danço valsa c’oa a vassoura,
Faço samba com talheres,
sendo morena ou loura.
Samba-enredo de mulheres!
Sou zelosa, sou severa,
Sou amante que espera
Um pedaço de quimera!

Sou pessoa de esmero,
Sou vaidosa, sou cheirosa
( ainda que a tempero...)
Sou zelosa, sou valente,
Sou meiga e sou teimosa.
Sou, com certeza, tema diverso
de muitos desses poetas,
que campeiam no universo!

Sou aquela que no parto,
Sentiu a beleza da esperança-dor,
Que sorriu e se emocionou
Com o choro da sua criança, fruto do seu amor!
Sou aquela que se transformou:
Fiquei travessa e moleca,
Joguei bola, joguei peteca.
Pena que o tempo findou!

E quando da minha partida,
Na lápide silente e fria
Brotará uma flor campesina,
Ou outra flor qualquer.
A campa não estará vazia:
Nela, inscrita, estará a sina!
Aqui jaz uma mulher,
Cujo nome foi Maria!

 

 

 

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