Ah! Se eu fosse mulata!
Um dia o seu chofer;
Eu ia mostrá pra turma
A vida cumo ela é!
Quando eu passasse mulata,
A mão no seu chavrolé
Eu ia ter mais cartaz
Do que Garrincha ou Pelé.

Quando eu levasse, mulata!
O pé no aceleradô,
E carcasse o pé em baixo,
Tu ia me dá valô.
Quando eu passasse mulata!
A mão na sua buzina,
E freasse nas esquinas,
Só pra modi vê, mulata!
O molejo das cadêra,
E dos seus mortecedô!!!

Ah! Se eu fosse, mulata!
Um dia o seu chofé.
Num interessava sabê,
A marca do automove
Qual que haverá de sê
Pudia sê um vêoito
Ou um cadilac quarqué;
Contando que eu fosse, mulata!
Um dia o seu chofé.

Quando eu ingrenasse, mulata!
Uma primêra arreduzida,
Num havia lama ou subida
Que fizesse nós pará.
Pruquê na nossa currida,
Pela istrada da vida,
Tu haverá de vê, mulata!
Na poêra do passado,
O nosso nome bordado.

Ah! Se eu fosse mulata!
Um dia o seu chofé,
Num interessava sabê,
Esse imenso Brasír
Quem que ia governá;
Pudia sê o Brisola,
O Lacerda, o Admar,
Pudia sê o Juscelino,
Ou mesmo o João Gulá.
Mulata pra lhi se franco
Pudia sê preto ou branco,
Pruquê mulata vancê
Qui representa a beleza
A nossa imensa riqueza,
Orgulho da produção,
Da industria nacioná.


Poeta Sertanejo Fidelense

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