Cleide Canton

 

 

Ouça, amor,
os meus versos apaixonados
como se os estivesse declamando
ao teu ouvido.
São versos do meu lado escondido
que sempre clamou por ti.

Ouça, amor,
e mesmo que neles já não veja encantos,
foram para ti feitos
nos soluços dos meus prantos.

Ouça, amor...
Talvez ainda te alcance
aquele antigo perfume
ou a minha voz nas nossas canções.
Quem sabe aquele cheiro de terra molhada
ou as juras desta eterna enamorada...

Antigas emoções,
restos de enlevos e paixões
que não deixei perderem-se em bolor.
Tantas cartas de amor!
Tantos anseios reprimidos,
sonhos perdidos
num amanhecer sem esplendor.

Ouça, amor!
Existe uma tristeza
no bailado das cortinas do meu quarto,
um espreguiçar dos ventos
nos uivos da noite,
enquanto meus lábios emolduram,
sem cor,
a melancolia do meu sorrir.

Ouça, amor,
enquanto ainda puderes ouvir,
enquanto minha voz ainda ecoa,
enquanto teu beijo ainda eu possa sentir.
Escuta, amor!
Não me deixes partir!
 

 

 

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