Mercília Rodrigues


Engalam-se as ruas, vestidas a rigor.
Cidades em turbilhão de festa
Vitrines, casas, lojas, abertas. Por amor ?
De luz enegrecida a aresta,
cálido, sôfrego, o penitente,
come o pão, em barraco que lhe resta.
Afinal não entende o porquê da diferença
de mesa fausta, esfusiante luz.
Entre canções e arrelias, sem licença,
fazem maior a dor do esquecido,
que também ouviu sobre Jesus.
Mas, talvez de coração contrito,
peça ao Pai o presente de Natal
uma cama pra o pobre aflito
e um abraço não faria mal!


Mercília Rodrigues


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