Antonio Manoel Abreu Sardenberg

 

 

Tem amor que é impossível,
Confuso, incerto, complexo;
É  como unir o côncavo
Nas curvas de um convexo.
 



Não combina, não entrosa,
É verdadeiro dilema
Motivo de muita teima:
Se um gosta de poema
O outro só gosta de prosa.
 



Não afina, não enlaça,
Gerando sempre uma mágoa.
É amor sem ter deleite:
Como misturar o azeite
Numa vasilha com água.


Não cede, não renuncia,
Não se procura a razão:
Um quer ter a luz do dia,
O outro tem a mania
De gostar da escuridão.
 



Tem amor que é assim,
Que vive de teimosia:
Se um gosta de alegria,
O outro - só por pirraça -
Vai desejar com certeza
Curtir a vida sem graça,
Na mais profunda tristeza.
 



Mas como existe o ditado
"O amor fala mais alto"
É impossível o fim
E a gente escuta o peito
Dobra-se a todo preceito
Gosta dele mesmo assim...

 

 

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