Daltemar Cavalcanti Lima

 

 

Fiz uma terraplenagem na minha vida
desapareceram todas as lombadas
que o amor deixou.
Nos trechos sinuosos das indecisões
coloquei um sinal de perigo
às minhas pretensões.
Determinei ao meu sonho
que não ultrapassasse
a velocidade da ilusão.
Nas passagens de nível
construí viadutos
para evitar choque
com a mediocridade.
Nas curvas em declive e em aclive
não sai da mão da consciência.
Tive cuidado de alertar a distração
dos transeuntes
que se preocupam erroneamente
com as minhas despreocupações.
Nos trevos das minhas variações mentais
semáforos me pedem atenção
por aqueles que apreciam meus defeitos.
Jamais joguei nos abismos e acostamentos
quem sempre me estendeu as mãos
são os que nunca usaram retrovisores
para me olhar de frente.
Na vaga do meu último estacionamento
os silvos me homenageiam
não há multas a pagar
só espero o troco
dos pedágios que paguei para viver.

 

 

 

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