Não repararam nunca? Pela aldeia,
Nos fios telegráficos da estrada,
Cantam as aves, desde que o Sol nada,
E, à noite, se faz sol a Lua cheia.


No entanto, pelo arame que as tenteia,
Quanta tortura vai, numa ânsia aiada!
O Ministro que joga uma cartada,
Alma que, às vezes, dAlém-Mar anseia:


- Revolução! - Inútil. - Cem feridos,
Setenta mortos. - Beijo-te! - Perdidos!
- Enfim, feliz! - ? - ! - Desesperado. - Vem.


E as boas aves, bem se importam elas!
Continuam cantando, tagarelas:
Assim, Antônio! deves ser também.
 

1867/1900

 

Todos os direitos reservados ao autor

 

 

Biografia

 

 


Antônio Nobre nasceu na cidade do Porto no dia 16 de agosto de 1867. Em 1888 matriculou-se no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Como os estudos lhe corressem mal, partiu para Paris onde freqüentou a Escola Livre de Ciências Políticas, licenciando-se em Ciências Jurídicas.

Em 1892, ainda na França, lançou seu livro de poesias "Só". Ao regressar a Portugal, tentou seguir na carreira diplomática, mas a tuberculose impediu-o. Faleceu em 1900 após uma intensa luta contra a tuberculose.

Sua principal contribuição para o Simbolismo português foi a alternância do vocabulário refinado dos Simbolistas com um outro mais coloquial.

A princípio, sua poesia mostra uma certa influência de Almeida Garret e de Júlio Dinis, porém, em uma segunda fase fica clara a influência do Simbolismo Francês.

Obras poéticas: Só (publicada em Paris em 1892), Despedidas (1902) e Primeiros Versos (1921), ambas publicadas postumamente.

Confira abaixo alguns poema de Antônio Nobre

Memória
Soneto - Meus dias de rapaz, de adolescente,
(Ladainha)
Soneto- Vou sobre o oceano (o luar, de doce, enleva!)
Soneto - Ó virgens que passai, ao Sol-poente,