Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.

O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral

nas colunas da colina.

 

 1901/1964

 

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 Biografia
 


Cecília Meireles, alta expressão da poesia feminina no país.  Sua obra figura entre os grandes valores da literatura de língua portuguesa do século XX.

A obra poética de Cecília Meireles ocupa lugar singular na história das letras brasileiras por não pertencer a nenhuma escola literária. Alta expressão da poesia feminina brasileira, inclui-se entre os grandes valores da literatura de língua portuguesa do século XX.
Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro RJ em 7 de novembro de 1901. Órfã muito cedo, foi educada pala avó materna e diplomou-se professora pelo Instituto de Educação em 1917. Viajou pela Europa, Estados Unidos e Oriente e logo dedicou-se ao magistério. No exercício da profissão, participou ativamente do movimento de renovação do sistema educacional brasileiro. Fundou, em 1934, a primeira biblioteca infantil do país e, de 1936 a 1938, lecionou literatura luso-brasileira, técnica e crítica literária na universidade do então Distrito Federal. Ensinou na Universidade do Texas (1940) e colaborou na imprensa carioca, escrevendo sobre folclore, tema de sua especialidade.
Depois de um começo neoparnasiano, com o volume Espectros, 17 sonetos de tema histórico, lançado em 1919, publicou dois livros de poemas de inspiração nitidamente simbolista: Nunca mais... o poema dos poemas (1923) e Baladas para el-rei (1925). De 1922 em diante foi atraída pela recentemente deflagrada revolução modernista. Aproximou-se do grupo literário Festa, ao qual não chegou porém a pertencer, mantendo a independência que sempre a caracterizou.
Foi com Viagem (1938), premiado pela Academia Brasileira de Letras depois de um acalorado debate suscitado pelo modernismo, que se deu a afirmação plena das qualidades que caracterizam a obra de Cecília Meireles: intimismo, lirismo, tendência ao misticismo e ao universal, e retorno à fonte popular, em versos de grande beleza e perfeição formal. A partir desse livro, firmou-se sua integração ao modernismo, como resultado de uma evolução estética e pessoal que iniciou-se no parnasianismo, passou pelo simbolismo e assimilou técnicas herdadas dos clássicos, dos gongóricos, dos românticos e dos surrealistas.
Cecília Meireles reafirmou a importância de sua contribuição à poesia da língua portuguesa em vários outros livros, entre eles Vaga música (1942); Mar absoluto (1945); Retrato natural (1949); Doze noturnos da Holanda (1952); Romanceiro da Inconfidência (1953); Metal rosicler (1960); Poemas escritos na Índia (1962); Solombra (1964) e Ou isto ou aquilo (1964). Em português clássico, a autora serviu-se de todos os metros e ritmos com a mesma flexibilidade, a fim de construir uma obra ao mesmo tempo pessoal e universal. Morreu em 9 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro.