Agradeço, Senhor,
Ao esquecido irmão do campo
Pelo feijão que não plantei e nem colhi,
Mas que fartamente comi.


Agradeço senhor,
Também ao pai daquele irmão,
Que plantou a batata, o arroz, o trigo,
As fruteiras e muito mais
Que a mim alimentam,
E alimentaram meu pai;
Agradeço Senhor,
A quantos desconheço,
Que com ardor, sem recompensa e tropeços,
Vão abrindo caminhos e cobrindo buracos,
Por onde mil vezes passei tranqüilo
Me orgulhando de forte
E me rindo do fraco.


Agradeço, Senhor,
A mãe, o pai, o irmão, a esposa, o filho,
O amigo, o vizinho...que me deste
Que partilham comigo a riqueza da messe.
E à luz deste mundo, certamente ainda vejo:
Sacrifícios sem fim: e benefícios desejo.


Perdoe-me Senhor,
Pelo pão que ainda comerei
Até meus derradeiros dias,
Na procura de o ter; mas de fazer,
-Só lampejos.


Misericórdia Senhor,
Pois, mesmo assim,
Na minha fé, - audaciosamente -, espero,
Misericórdia Divina.


Mas, afinal, Te peço:
Dá-me um cantinho no céu
De onde eu possa, acanhado e seguro,
Já em paz e sem guerra,
Assistir- e então conhecer
A Legião dos Bem-Aventurados
Que me alimentaram na terra.

 

 

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