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            Poetas Homenageados 
            
              
            
              
              
                
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                  À 
                  Carolina 
                    
                    
                  Querida, 
                  ao pé do leito derradeiro 
                  Em que descansas dessa longa vida, 
                  Aqui venho e virei, pobre querida, 
                  Trazer-te o coração do companheiro. 
                   
                   
                  Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro 
                  Que, a despeito de toda a humana lida, 
                  Fez a nossa existência apetecida 
                  E num recanto pôs um mundo inteiro. 
                   
                   
                  Trago-te flores, - restos arrancados 
                  Da terra que nos viu passar unidos 
                  E ora mortos nos deixa e separados. 
                   
                   
                  Que eu, se tenho nos olhos malferidos 
                  Pensamentos de vida formulados, 
                  São pensamentos idos e vividos. 
                   
                   
                  Machado de Assis 
                   
                  1839 /1908 
                   
                  Todos os direitos reservados ao 
                  autor 
  
                    
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                  Mascarados 
                    
                    
                  
                  Saiu o Semeador a semear 
                  Semeou o dia todo 
                  e a noite o apanhou ainda 
                  com as mãos cheias de sementes. 
                  Ele semeava tranqüilo 
                  sem pensar na colheita 
                  porque muito tinha colhido 
                  do que outros semearam. 
                  Jovem, seja você esse semeador 
                  Semeia com otimismo 
                  Semeia com idealismo 
                  as sementes vivas 
                  da Paz e da Justiça. 
                   
                   
                  Cora Coralina 
                   
                   
                  1889/1985 
                   
                   
                  Todos os direitos reservados a autora 
  
                    
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                  Ingratidão 
                    
                    
                  
                  Nunca mais me esqueci! ... Eu era criança 
                  E em meu velho quintal, ao sol-nascente, 
                  Plantei, com a minha mão ingênua e mansa, 
                  Uma linda amendoeira adolescente. 
                   
                   
                  Era a mais rútila e íntima esperança... 
                  Cresceu... cresceu... e aos poucos, suavemente, 
                  Pendeu os ramos sobre um muro em frente 
                  E foi frutificar na vizinhança... 
                   
                   
                  Daí por diante, pela vida inteira, 
                  Todas as grandes árvores que em minhas 
                  Terras, num sonho esplêndido semeio, 
                   
                   
                  Como aquela magnífica amendoeira, 
                  E florescem nas chácaras vizinhas 
                  E vão dar frutos no pomar alheio... 
                   
                   
                  Raul de Leoni 
                   
                   
                  1895 / 1926 
                   
                  Todos os direitos reservados ao 
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            Poe 
            
              
              
                
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                  Colar de Carolina 
                    
                    
                  
                  Com seu colar de coral, 
                  Carolina  
                  corre por entre as colunas 
                  da colina. 
                   
                  O colar de Carolina 
                  colore o colo de cal, 
                  torna corada a menina. 
                   
                  E o sol, vendo aquela cor 
                  do colar de Carolina,  
                  põe coroas de coral 
                   
                  nas colunas da colina. 
                   
                   
                  Cecília Meireles 
                   
                   
                  1901/1964 
                   
                   
                  Todos os direitos reservados à autora 
                   
  
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            tas   
            
              
              
                
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                  Soneto da Fidelidade 
                    
                    
                  
                  De tudo, ao meu amor serei atento 
                  Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
                  Que mesmo em face do maior encanto 
                  Dele se encante mais meu pensamento.  
  
                  
                   
                  Quero vivê-lo em cada vão momento 
                  E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
                  E rir meu riso e derramar meu pranto 
                  Ao seu pesar ou seu contentamento.  
  
                  
                   
                  É assim, quando mais tarde me procure 
                  Quem sabe a morte, angústia de quem vive; 
                  Quem sabe a solidão, fim de quem ama,  
  
                  
                   
                  Eu possa me dizer do amor (que tive): 
                  Que não seja imortal, posto que é chama, 
                  Mas que seja infinito enquanto dure! 
                   
                   
                  Vinícius de Moraes 
                   
                   
                  1913/1980 
                   
                  Todos os direitos reservados ao autor 
  
                    
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                  Voz que se cala 
                    
                    
                  
                  Amo as pedras, os astros e o luar 
                  Que beija as ervas do atalho escuro, 
                  Amo as águas de anil e o doce olhar 
                  Dos animais, divinamente puro.  
                   
                   
                  Amo a hera, que entende a voz do muro 
                  E dos sapos, o brando tilintar 
                  De cristais que se afagam devagar, 
                  E da minha charneca o rosto duro.  
                   
                   
                  Amo todos os sonhos que se calam 
                  De corações que sentem e não falam, 
                  Tudo o que é Infinito e pequenino!  
                   
                   
                  Asa que nos protege a todos nós! 
                  Soluço imenso, eterno, que é a voz 
                  Do nosso grande e mísero Destino!...  
                   
                   
                  Florbela Espanca 
                   
                   
                  1894/1930 
                   
                  Todos os direitos reservados a 
                  autora 
  
                    
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                  A um Poeta 
                    
                    
                  
                  Tu, que dormes, espírito sereno, 
                  Posto à sombra dos cedros seculares, 
                  Como um levita à sombra dos altares, 
                  Longe da luta e do fragor terreno, 
                   
                   
                  Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno, 
                  Afuguentou as larvas tumulares... 
                  Para surgir do seio desses mares, 
                  Um mundo novo espera só um aceno... 
                   
                   
                  Escuta! é a grande voz das multidões! 
                  São teus irmãos, que se erguem! são canções... 
                  Mas de guerra... e são vozes de rebate! 
                   
                   
                  Ergue-te pois, soldado do Futuro, 
                  E dos raios de luz do sonho puro, 
                  Sonhador, faze espada de combate!  
                   
                   
                   
                  Antero de Quental 
  
                   
                  1842 - 1891 
  
                    
                  
                  Todos os direitos reservados ao autor 
                    
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            Música: Odeon - Dinorá Mª Tambasco Ferreira 
              
            
              
              
            
            
              
              
              
              
              
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