UM POUCO DA HISTÓRIA DA IGREJA
MATRIZ
DE SÃO FIDÉLIS
200 anos de história e de fé
A Igreja
Matriz de São Fidélis de Sigmaringa é um majestoso
templo construído às margens do Rio Paraíba do Sul, na
cidade de São Fidélis, situada na região norte
fluminense.
Tem a planta original em forma de
cruz, lembrando a Basílica de São Pedro em Roma, com
cúpula oitavada ao centro sobre o cruzamento da nave
central com o transepto.
Sua monumentalidade é acentuada pela
localização privilegiada com remanescente de casario
antigo, com sua torre sineira construída isolada do
corpo principal, sendo ainda hoje considerada entre as
mais belas do país, refletindo a transição do
renascimento para o barroco.
Construída por dois frades capuchinhos,
Frei Ângelo Maria de Lucca e Frei Vitório de Cambiasca
que, ao tempo do Brasil Colônia, chegaram à região em
pequena canoa, subindo o Rio Paraíba do Sul para
catequizar as tribos da região. Desembarcaram em 1 871,
aí encontrando os índios Coroados e Puris, tendo que
lutar contra o ambiente hostil criado entre índios e
fazendeiros, que preferiam a escravidão ou o extermínio
dos índios. Ao contrário dos Coroados, os Puris eram
menos pacíficos e viviam em contínuas guerras.
Junto com Frei Thomaz de Castelo, os
frades, que eram arquitetos e engenheiros, deixaram a
marca de sua sabedoria no traçado da cidade que, até
hoje, tem merecido elogios dos urbanistas.
Mas o maior legado deixado por eles foi
a construção da Igreja Matriz de São Fidélis, cuja obra
foi iniciada em 1799 e concluída em abril 1809. Foram
dez anos em que os frades trabalharam como construtores,
pedreiros e pintores, num ambiente às vezes hostil,
lutando contra doenças e dificuldades em encontrar
matéria-prima para a obra.
Como faltassem pedras e outros
materiais, viram-se forçados a usar certo barro, que
endurece com o calor do sol, para fazer os tijolos,
chamado adobe. Portanto, o templo foi construído sem
uso de pedras ou qualquer outro material que não existia
à época, como cimento.
Extraíram e moeram tintas de plantas
nativas para as grandiosas pinturas que até hoje adornam
a cúpula do templo com as figuras dos quatro
evangelistas feitas pelo próprio Frei Vitório.
Além de ricas pinturas, seu interior
possui interessante mobiliário renascentista.
Os restos mortais dos fundadores
encontram-se em jazigo no centro da Igreja.
Pela grandiosidade, a importância
arquitetônica, histórica e cultural, foi determinado o
seu tombamento provisório pelo Instituto Estadual do
Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro, nos
termos do inciso II do artigo 5º do Decreto 5.808, de 13
de julho de 1 982, publicado no D.O. de 30 de dezembro
de 2002.
ALGUMAS REFERÊNCIAS SOBRE
O TEMPLO PUBLICADAS EM OBRAS DA ÉPOCA:
·
Escreveu
Escragnole Dória “ De 1799 a 1808, enquanto a
revolução mudava o sangue dos cadafalsos para os campos
de batalha de Napoleão, São Fidélis, sul –
americanamente obscura, mas útil, edificava templo como
poucos havia no Brasil...”
·
O jornalista
Charles Ribeyrolles, exilado da França por
Napoleão III, esteve no Brasil e suas observações sobre
o país foram registradas no livro Brésil Pitoresque onde
a Igreja Matriz de São Fidélis foi retratada.
·
Também foi
citada por Alberto Ribeiro Lamego, no seu livro O
Homem e o Brejo: “ O arquiteto italiano Frei Vitório de
Cambiasca levantou a mais notável cúpula do Brasil
Colonial no majestoso templo de São Fidélis.” ( pág. 143
). Quem assim escreveu conheceu as mais belas catedrais
e maiores centros culturais da Europa, cujas
universidades freqüentou, enriquecendo de sabedoria e
experiências seu espírito e adquirindo vasto e precioso
cabedal.
·
Sobre sua
conservação, Milliet de Saint-Adolphe, no
Dicionário Geográfico do Império do Brasil, pedia que
conservassem o templo de São Fidélis com o maior
respeito. “ Os missionários, arquitetos e pedreiros do
templo, viram-se forçados a servir-se de certo barro que
endurece com o calor do sol mas com a desvantagem de
absorver muita água de chuva, prejudicial às paredes do
edifício, ou alternativamente de calor e umidade.”
Recomendava Saint-Adolphe, habituado às magnificências
da Europa, que o arquiteto encarregado de qualquer
conserto se abstivesse de alterar o debuxo primitivo,
porque a menor mudança destruiria a harmonia que motiva
a admiração de quantos a contemplam.
·
Em 1847, a
12 de abril, São Fidélis recebeu a visita do Imperador
D. Pedro II (cena retratada nuns dos vitrais do
monumental templo), em casa do coronel João Manoel de
Souza, mais tarde, Barão de Vila- Flor.O historiador
Inácio Raposo relata o seguinte: Numa visita que
dispensara o monarca às obras que se faziam no zimbório
da majestosa igreja de São Filélis, disse o futuro Barão
de Vila-Flor ao ilustre soberano que admirava as belezas
do Rio Paraíba do Sul: “Que linda povoação é esta para
uma vila!” O imperador sorriu discretamente e
respondeu-lhe: “Será.”.
Em
19 de abril de 1850, o monarca promoveu a melhoria
prometida, elevando a freguesia à categoria de vila.